segunda-feira, 19 de maio de 2008

Entrevistas

Nome: Laura Ciochina

Idade: 28 anos

Laura Ciochina, imigrante romena em Portugal, fala-nos da sua experiência de vida em Portugal, desde a sua adaptação ao país e à cultura até aos projectos que ambiciona levar a cabo no nosso país.

Boa tarde. Nós somos um grupo do 12º ano da Escola Secundaria Filipa de Vilhena, e no âmbito de Área de Projecto estamos a dinamizar um trabalho relacionado com a “Imigração – Um fenómeno social”. Queríamos agradecer a sua disponibilidade para esta entrevista.


1- Há quanto tempo chegou a Portugal?

R: Cheguei em 2004.


2-Porque escolheu vir para Portugal?

R: Vim estudar com uma bolsa de estudos de Erasmus, para fazer o meu doutoramento em Psicologia. Não foi bem uma escolha, mas sim uma imposição, já que era o único destino que podia escolher para fazer o meu doutoramento.


3-Como foi a sua adaptação?

R: No início foi difícil, pois não conhecia a língua e a cultura. Nos primeiros 3 meses senti algumas dificuldades. Após este período começou a correr melhor graças à ajuda importante da orientadora da faculdade. Além disso, usufruí de boas condições na minha instalação em Portugal.


4-Encontrou emprego facilmente

R: Não tenho emprego. Estou ainda a fazer o doutoramento.


5-Quais as principais diferenças entre a cultura portuguesa e a romena?

R. No aspecto social, em Portugal, as pessoas usufruem de melhores condições de vida. Em relação à maneira de ser do povo português, considero-os mais abertos e mais flexíveis do que os romenos, por exemplo, no aspecto da pontualidade: os portugueses são muito flexíveis nos horários, ao contrário dos romenos que são mais rígidos. Apesar de os portugueses serem hospitaleiros e extrovertidos(de uma maneira geral)em relação aos estrangeiros são muito fechados e notei alguma discriminação perante os estudantes vindos de outros países.

Também na gastronomia há diferenças: em Portugal a comida é muito mais pesada do que na Roménia.

Por fim, em virtude da diferença das religiões, em Portugal maioritariamente Católicos e na Roménia, Ortodoxos, existem muitas mais festas populares em Portugal.


6-Tenciona regressar ao seu país?

R: Gostava de ficar cá e de dar aulas assim que domine completamente a língua portuguesa. Se construir uma família em Portugal, instalo-me cá. Vive-se melhor em Portugal.


Obrigado pelo seu tempo!

Nome: Maria Iêrêdi Nobre

Idade: 30 anos

Maria Iêrêdi, imigrante brasileira em Portugal, conta-nos porque veio viver para Portugal e relata-nos a sua adaptação a um país diferente e desconhecido para ela.

Boa tarde. Nós somos um grupo do 12º ano da Escola Secundaria Filipa de Vilhena, e no âmbito de Área de Projecto estamos a dinamizar um trabalho relacionado com a “Imigração – Um fenómeno social”. Queríamos agradecer a sua disponibilidade para esta entrevista.

1-Quando veio para Portugal?

R: Vim no dia 5 de Setembro de 1999.


2-Porque veio para Portugal?

R: Fui convidada para trabalhar cá. Havia um casal que precisava de uma rapariga para trabalhar como empregada doméstica.


3-Como foi a sua adaptação?

R: Nos dois primeiros anos foi difícil: custou-me o frio e os rigores do Inverno. Além disso tive que me habituar ao português de Portugal, que tem algumas diferenças comparativamente ao falado no Brasil, e senti alguma pressão para deixar de falar com sotaque brasileiro. O pior foi mesmo a desconfiança e falta de tolerância dos portugueses perante os imigrantes brasileiros.

Em relação à minha legalização, obtive-a quando casei com um português.

Em Portugal, tive a sorte de não precisar de ir muito ao consulado. Sempre que lá fui, passei horas à espera. Infelizmente estão muito mal organizados. Como exemplo dessa falta de organização, passei por um processo moroso para adquirir carta de condução portuguesa.

Também fiquei muito desiludida com o Sistema de Saúde: é pouco eficiente e a espera costuma ser interminável.


4-Que emprego tem?

R: Apesar de, no Brasil, ter trabalhado numa agência de viagens e de ter um curso técnico de informática, em Portugal só arranjei emprego como empregada doméstica. Já sabia que seria difícil ter o mesmo tipo de emprego.


5-Quais as principais diferenças entre a cultura brasileira e a portuguesa?

R: O povo português é muito fechado até ganhar confiança ao contrário do brasileiro que confia nas pessoas sem reservas, por ser mais extrovertido. Uma coisa que eu também acho, é que as pessoas são mais simpáticas no Brasil também devido ao clima quente que lá se faz sentir quase todo o ano.

Em relação à gastronomia, considero a portuguesa muito boa e os alimentos superiores aos alimentos brasileiros. A excepção é a carne, que é melhor no Brasil.

Socialmente, o fosso entre ricos e pobres é muito maior no Brasil do que em Portugal. Considero haver muito mais segurança aqui em Portugal. Desde que cheguei noto que a pobreza tem vindo a aumentar. Concomitantemente, os preços são cada vez mais caros.

Em relação à cultura portuguesa, sou uma fã da música ligeira portuguesa.

Por fim, um aspecto em comum dos dois países reside no aspecto religioso: são povos que se declaram católicos embora sem serem praticantes.


6-Tenciona regressar ao seu país?

R: Quero voltar um dia mas para já não, pois vivo bem cá e já constitui família.


Obrigado pelo seu tempo!



Nome: Ina Bida

Idade: 26

Ina Bida, uma imigrante ucraniana de sucesso em Portugal, relata-nos um pouco das suas experiências e história de vida, desde a sua chegada a Portugal, o processo de legalização, as dificuldades iniciais de uma integração e os projectos para o futuro.

Boa tarde. Nós somos um grupo do 12º ano da Escola Secundaria Filipa de Vilhena, e no âmbito de Área de Projecto estamos a dinamizar um trabalho relacionado com a “Imigração – Um fenómeno social”. Queríamos agradecer a sua disponibilidade para esta entrevista.

1- Há quanto tempo chegou a Portugal?

R: A nossa situação , na Ucrânia, agravava-se dia para dia, de tal modo, que a única solução acabou por ser a vinda para Portugal com o meu pai e o meu marido.

2- Porque escolheu Portugal como país de eleição?

R: Era mais fácil vir para Portugal. Escolhi este país porque o visto que me permitia entrar no país seria mais fácil de obter não acarretando, assim, grandes despesas e problemas.

3- Teve dificuldade na sua integração?

R: Inicialmente sim, pois o processo de legalização não se apresentou muito fácil, devido a algumas barreiras que tive de ultrapassar. Relativamente às pessoas, fui muito bem recebida, foram simpáticas e acolhedoras.

4- Encontrou emprego facilmente?

R: Em termos de conseguir um emprego estável demorei cerca de um ano e meio.

5- Quais as maiores diferenças entre a cultura portuguesa e a ucraniana ?

R: Por exemple as tradições tornam-se um pouco diferentes, nomeadamente, no que toca à celebração do Natal e a outros rituais da nossa cultura.

6- Não se arrepende de ter escolhido Portugal como país de acolhimento?

R: Não, pelo contrário. Foi uma opção muito dificil porque implicava a separação da família, visto que a minha mãe é imigrante na Itália, o meu irmão estuda numa faculdade na Ucrânia, e eu, o meu pai e o meu marido trabalhamos em Portugal há 8 anos, como já foi referido. Desta forma, todos os meses enviamos, juntamente com a minha mãe, uma pequena quantia de dinheiro para ajudar o meu irmão.

7- Pretende voltar ao seu país de origem?

R: De momento, pretendo continuar em Portugal, pois já me habituei e me adaptei a esta cultura e a esta realidade, bem como à estabilidade profissional.

Obrigado pelo seu tempo!


Nome: Maria da Glória Almeida Morais

Idade: 56

Maria da Glória, uma imigrante cabo verdiana em Portugal, relata-nos um pouco das suas experiências e histórias de vida, desde a sua chegada a Portugal, os motivos pelos quais abandonou a sua terra natal bem como o seu processo de integração.

Boa tarde. Nós somos um grupo do 12º ano da Escola Secundaria Filipa de Vilhena, e no âmbito de Área de Projecto estamos a dinamizar um trabalho relacionado com a “Imigração – Um fenómeno social”. Queríamos agradecer a sua disponibilidade para esta entrevista.

1- Há quanto tempo chegou a Portugal?

R: Cheguei a Portugal há 40 anos, dia 28 de Agosto de 1968. A nossa vida era muito pobre, tinha 9 irmãos (8 rapazes e uma rapariga), o meu pai saía para pescar de manhã e se não trouxesse peixe não comíamos durante o dia todo. Deixei de estudar aos 14 anos e comecei a trabalhar, numa fábrica de conservas de atum. Trabalhava 12 horas por dia e ao fim do mês ganhava 7 escudos.

2 – Porque escolheu Portugal como país de eleição?

R: Quando conheci o meu marido, ele era militar português e estava a proteger Cabo Verde de tropas guerrilhas. Entretanto, casei-me com 16 anos, ele tinha 24 e decidimos vir viver para cá porque a minha vida lá era muito difícil e como ele era português e eu estava casada com ele ficava automaticamente legalizada. “ Começamos uma nova vida”.

3 – Teve dificuldades na sua integração?

R: Sim, muitas. O que eu tive mais dificuldade em me habituar foi o frio e a comida! Sim, porque em Cabo Verde chovia de 7 em 7 anos, lá o clima era muito quente e aqui em Portugal é muito diferente.

4 – Encontrou emprego facilmente?

R: Sim, por acaso! Arranjei logo emprego como costureira, pois tinha alguma experiência que me foi ensinada pela minha mãe. Passados 2 anos, fui trabalhar para uma firma de confecções durante 32 anos, até esta falir. Desde 2002 trabalho como empregada doméstica em casas particulares.

5 – Quais as maiores diferenças entre a cultura portuguesa e a cabo verdiana?

R: Como já falei, a comida é muito diferente. Por exemplo, no Natal não fazíamos uma festa tão grande como vocês aqui fazem porque a pobreza é muita. Festejamos também o Ano Novo, toda a população da minha ilha, ilha da Boavista sai para a rua e festeja dançando, cantando pela noite dentro. Temos também uma festa muito importante, a da padroeira da nossa ilha, Santa Isabel.

6 – Não se arrepende de ter escolhido Portugal como país de acolhimento?

R: Não, nada mesmo! Na altura, quando me casei foi muito difícil deixar tudo para trás, os meus irmãos, os meus pais porque apesar da pobreza a gente tinha riqueza de espírito, alegria de viver, éramos todos muito unidos. A saudade foi muita nos primeiros tempos, tive várias depressões mas com força de vontade consegui superar tudo. Hoje sinto-me muito feliz com tudo que consegui construir ao lado do meu marido, tenho 3 filhos e 3 netos. “ Sinto-me uma rainha”.

7 – Pretende voltar ao seu país de origem?

R: Sinceramente, só para férias. Apesar dos italianos estarem a investir lá, criando postos de trabalho, a vida continua muito difícil e a pobreza ainda é muita. Tenho ainda um sonho para realizar, voltar à minha linda terra antes de morrer. Estive lá há um ano e meio porque o meu pai faleceu e estive a ajudar a minha mãe e os meus irmãos, apesar de estes estarem bem na vida. É muita saudade de Cabo Verde, é mesmo uma terra de emoções.

Obrigado pelo seu tempo!

Comentário à entrevista

No dia 11 de Abril de 2008, entrevistei Maria Iêrêdi, imigrante brasileira em Portugal desde 1999. A entrevista decorreu muito bem devido ao á-vontade demostrado pela entrevistada, que é empregada dos meus tios desde o ano em que veio para Portugal. Durante os 30 minutos em que falamos, foram discutidos diversos temas dos quais destaco o processo de integração e as diferenças culturais entre o país de origem da entrevistada e o de acolhimento. A entrevistada considera que fez uma boa opção ao emigrar e que está feliz em Portugal.

Esta entrevista foi realizada porque uma das comunidades em estudo pelo nosso grupo é a brasileira.

Em conclusão, esta foi uma experiência claramente positiva.

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